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3 técnicas para falar em público

Foto do escritor: Pedro TângerPedro Tânger

Falar em público deveria ser aprendido.


Mas, na prática, parece que é um dom que alguns têm e outros não.


A verdade é que todos temos de saber falar em público de forma a transmitir ideias, nem que seja numa simples reunião.


No entanto, quantas aulas é que tivemos para aprender a comunicar?


Se calhar, alguns de nós conseguiram ir a uma formação e aprendemos algumas técnicas. Com sorte, treinámos nesse contexto mas, pouco depois, fomos lançados aos leões e tivemos de aprender com a escola da vida.


Funcionou para uns. Para outros nem tanto.


Curiosamente, foi nas artes marciais que aprendi a comunicar. Foi, mais precisamente, com o "curso de instrução".


Era eu cinto castanho, com 19 anos, quando comecei neste curso que, basicamente, se reduzia a uma página. Talvez ainda se reduzisse mais ao que chamávamos os "10 mandamentos da Instrução".


Nesse curso, aprendíamos alguns princípios para comunicar eficazmente e, num ápice, éramos colocados a dar aulas. A formação era parca e a vontade era muita!


Felizmente, as coisas evoluíram e, hoje, os cursos que damos aos nossos alunos são muito mais completos e integrados mas, verdade seja dita, têm a sua base naqueles "10 mandamentos".


Queria, então, partilhar 3 pontos que acredito serem fundamentais para uma boa comunicação em público, seja numa aula de artes marciais, seja frente à vossa equipa no escritório ou, claro, perante uma plateia de centenas de pessoas.



Na STAT, incluímos estes pontos na dimensão emocional do ensino e têm como objetivo garantir que os Instrutores da STAT conseguem criar o ambiente certo para a aprendizagem!


1. Contacto Visual


Se repararem, sempre que falam com bebés, dão muita importância à forma como utilizam a expressão dos olhos.


Porquê? Porque os olhos expressam muito eficazmente a mensagem que querem transmitir.


Falar com adultos não é diferente, nós é que achamos que é. Acreditamos que as palavras carregam o sentido todo e que o resto é supérfluo.


Mas isto não é verdade.


Somos sensíveis aos outros níveis de comunicação menos evidentes, nomeadamente o olhar.


Porque o olhar é sinal de presença.




Olhar não significa fixar uma pessoa. Significa conseguir conectar com as pessoas com o olhar, é como se conseguíssemos ir passando pelos olhares dos outros de forma natural e pausada.


No "Contacto Visual" é importante ilustrarmos com os olhos aquilo que queremos comunicar com as palavras.


Já sabemos que os olhos são o espelho da alma (cliché?) então, é importante que os olhos não passem pensamentos ou emoções diferentes daquelas que estamos a querer transmitir com a nossa apresentação.


Por exemplo, imaginem que estão a falar com um grupo sobre uma ideia que têm para lançar um novo produto mas a única coisa que pensam é "não vou olhar para eles, estou tão nervoso, vão perceber que estou nervoso".


Adivinhem o que é que o outro lado vai ouvir?


Não vai ouvir as vossas palavras, evidentemente. Vai ler-vos o pensamento e ouvir, aos gritos: estou nervoso, estou nervoso, estou nervoso!


Portanto, já sabem, para comunicar eficazmente, usem o olhar como parte essencial da vossa linguagem. Usem-no para exprimir aquilo que querem exprimir e para ir passando por todos os presentes de forma a validar a vossa presença e seguir o acompanhamento deles.


2. Tom de Voz


Este é, para mim, um dos elementos mais importantes e mais fáceis de melhorar na comunicação.


Também um dos menos aprendidos e menos cuidados.


Lembro-me bem das aulas no anfiteatro 1, às 9h da manhã, na Universidade de Direito de Lisboa...o tom monocórdico do Professor era doloroso e fazia-me desligar à quarta palavra. Ao final do primeiro quarto de hora já eu estava a rebolar-me todo no lugar e o resto da aula era, para mim, um suplício.


Acho que, como muitos, sofremos muitas aulas assim.


Qual o resultado?


Para além de não me apetecer prestar atenção, não retinha qualquer matéria nem me interessava pelo raciocínio.


Talvez eu fosse um pouco hiperativo ou tivesse algum défice de atenção - tão em voga hoje - ou, talvez, fosse só alguém mais sensível ao poder da comunicação e da envolvência emocional do ensino.


A verdade é que bastava o Sr. Professor esforçar-se para modular o seu discurso e dar tonalidades diferentes a ideais diferentes que, talvez, conseguisse captar a minha atenção.


E sabem como é que sei que poderia fazer a diferença?


Porque havia por lá um Professor que enchia anfiteatros, de tal forma que os alunos de outras turmas iam assistir às suas aulas. Ouvi-lo era um prazer e a matéria parecia fazer todo o sentido e até parecia mais simples.


Por curiosidade, esse Professor é, hoje, Presidente da República :)


Moral da história: tentem encarar o ato de falar em público como um concerto. Utilizem o tom da vossa voz para levar o vosso público numa viagem emocional.


Quando quiserem falar de algo mais interessante, baixem o tom e tragam o público até vocês e, de repente, subam o tom de voz para falar de alguma coisa excitante e cativante!


Vão modulando o vosso tom de voz para que sirva o propósito daquilo que querem transmitir.

Desta forma, as vossas palavras e o vosso tom dirão o mesmo e, juntamente com o contacto visual, começam a comunicar de forma poderosa.

Mas ficará ainda mais poderosa com a introdução do seguinte ingrediente:


3. Ritmo


O erro está em usar-se sempre a mesma cadência para tudo.


Estou irritado, falo depressa.


Estou contente, falo depressa.


Estou cansado, falo depressa.


Estou apreensivo, falo depressa.


You get the point...


O ritmo da nossa comunicação, a cadência que utilizamos para expressar as nossas palavras, traz consigo grande parte da mensagem que queremos transmitir.


Eu devo ter aprendido muito disto com a minha Avó. Ela era Mestra em dicção e na arte de dizer e lembro-me de ouvi-la dizer: "o silêncio, por vezes, é mais importante do que qualquer palavra".


Sempre que falo em público penso nisso e dou atenção ao ritmo que utilizo.





Uma coisa que acabo por fazer é falar com o ritmo que permita ouvir-me a mim próprio. Ou seja, quando falo, deixo espaço para pensar sobre aquilo que disse.


Parece estranho mas ao fazê-lo, encontro o ritmo certo para poder dizer aquilo que quero dizer e aquilo que é ouvido.


É evidente que, tal como o Contacto Visual e o Tom de Voz, o ritmo deve espelhar a mensagem que se quer passar.


Uma mensagem inspiradora requer, muitas vezes, um ritmo mais espaçado e pausado. Uma mensagem que vise criar ação requer um ritmo mais acelerado. Uma mensagem afetuosa requer um ritmo alongado, etc


No fundo, a combinação entre o ritmo, o tom e o contacto visual deve exprimir o sentido real das palavras que queremos transmitir porque comunicar não é dizer palavras, comunicar é criar impacto nos outros, é influenciá-los de forma a criar algum tipo de mudança que faça o mundo andar para a frente.


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